domingo, 17 de janeiro de 2016

O lago do aeroporto




Década de 60. O lago ficava na descida da hoje José tupinambá, antiga Nações Unidas (até o nome mudaram). Pois bem. O lago era a referencia e o prazer de qualquer um dos moradores do antigo Jacareacanga. Todos desciam em direção ao lago do aeroporto (e nem ficava muito próximo) Não, ninguém atravessava a José tupinambá. Naquela época a rua terminava no lago.

Sim, esse mesmo que agora é canal, onde existe uma ponte. Sim, um canal cheio de lixo.

Não, naquela época o lago tinha até areia no fundo/leito. Tinha peixe. Tanto que a noite alguns moradores que ainda não tinham deixado o vicio da pesca, iam arrumar a comida do dia seguinte, ou mesmo se divertir com a pescaria no lago do aeroporto. Tinha muita pratinha.

Lembro do seu Dorival, senhor moreno de estatura mediana. Morador da casa no meio do quarteirão (hoje Mãe Luzia entre Leopoldo Machado e Jovino Dinoá) Era empregado na SUSNAVA (empresa de navegação do Território Federal do Amapá) o Amapá já teve sua empresa de navegação. Um dia ela foi a pique...

Ai, o Sr. Dorival no inicio da noite de sexta feira (quando tava de folga) passava com seu carrinho de mão e todo seu apetrecho de pescador. Não podia faltar a sua garrafa de café, o livro de abade ‘Colombo’ e o tabaco migado. No amanhecer do dia voltava com o carrinho com duas sacas cheias de pratinha. Lembro que deixava alguns peixinhos em algumas casas, era o prato principal do almoço: pratinha frita com farinha, feijão e arroz.

Um dia acabaram com o lago. Aterraram a rua. Fizeram a ponte e inventaram um canal. Hoje o canal serve somente para acumular lixo. Os mais antigos moradores do bairro, ainda recordam com o corpo molhado de saudades e o sabor de peixe na boca o antigo lago do aeroporto.

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