Osvaldo Simões
Durante as comemorações natalinas, famílias se reúnem ao
redor da mesa, algumas. Outras se reúnem em qualquer lugar. Mas, sempre haverá
uma mesa posta com as comidas tradicionais, arvore de natal armada, presentes
colocados em seu pé, luzes cintilando na parede. Alias, as luzes fazem a festa
dos olhos... A noite de natal é assim...
Para mim, existe outra noite. Já faz tempo, a cidade nem
era asfaltada e terminava logo ali na baixa do Piloto, não passava do bueiro do
pacoval e nem existia o Jacareacanga. Ainda existia a praça da saudade.
Os prédios primeiros claro, já estavam levantados. Lembro
que existia uma escola denominada de Getulio Vargas, depois desapareceu no
tempo.
Bem, mas não é isso que desejo comentar, desejo falar
sobre a noite de natal com cheiro de queijo. Já faz algum tempo e bote tempo.
Morava quando criança, bem ali próximo a sede dos escoteiros. Em diagonal com a
minha casa ficava a casa de umas das poucas médicas da cidade, ela possuía um
casal de filhos. Sua casa era de alvenaria tinha um jipe rural na porta. Diziam-me
que ela podia, pois, era médica.
Eles demonstravam viverem com toda a fartura do mundo.
Acordavam com sorrisos nos lábios. Nós também acordávamos com esse sorriso. Eu ainda
não entendia bem a diferença, entre o ter e o possuir.
Mas chegou a noite do Natal, as crianças brincando na rua
de chão batido, eu fui colocado para dentro da casa, não podia apanhar o sereno
que se iniciara, bem, foi o que me disseram. Aceitei com algumas lágrimas nos
olhos. Fizemos a oração do Santo Anjo tomamos a benção e nos recolhemos em
nossas redes com mosquiteiros...
Longe uma musica tocava, meu Pai falou que era uma festa
de gente adulta, num tal de hall guly. E assim adormeci. Acho que minha irmã
também.
Em determinada hora fui acordado por minha Mãe, ela dizia
que era para fazermos a ceia. No jirau da cozinha, um fogareiro a carvão acesso
e quatro pedaços de queijo sendo assado, o cheiro penetrou em meu nariz, cheiro
gostoso. E veio misturado com o café que ela acabara de passar na esculateira.
Sentamos os quatros no entorno da pequena mesa e fizemos
a nossa ceia.
Enquanto lá fora era algazarra de moleques que acabaram de ganhar
seus presentes e participavam de algum banquete, pois, era muita felicidade em
suas gargalhas.
Mas desde ai, aprendi uma coisa. A noite de natal tem
cheiro de queijo e serve para fazermos uma reflexão de nossas vidas/ações...
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