quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Aniversario da Cidade de Macapá - 251 anos

Declaração de Agradecimento

Quero agradecer-te por teres me acolhido quando por aqui cheguei ao três anos de vida. Fostes carinhosa, estendendo tuas mãos ainda sujas de bacaba, me carregaste no colo e depois me agasalhastes ali no bairro do Laguinho (Eliezer levy ao lado do seu Teodoro, entre a casa do seu Teodoro e a do vizinho Guito, perto da Dona Maria e na esquina da rua, a casa da Dona Januária. Por isso, eu afirmo que não foi privilégio do Chico “ver Januária na janela”, eu também a vi, bem no coração do Laguinho...

Foi onde aprendi a escutar o canto dos pássaros vindo da baixa do “poço da boa hora”, ali por perto da casa da Tia Fefé. Foi lá que enxerguei pela primeira vez uma escola de samba, onde sambistas rebolavam e os passistas breques faziam sem se importar com a rua sem asfalto.

Também nesse tempo me contaram que não existia investimento de dinheiro publico nas escolas de samba para realização das batalhas de confete, e elas saiam bem arrumadas. Tudo por causa do amor nutrido por ti, Macapá.

Agradeço, enormemente por teres me deixado correr em teus campos e em tuas ruas ainda pouco habitadas.

Depois, mais uma vez, por tua bondade, me concedestes o direito de mudar de endereço sempre no mesmo bairro, desta feita, fui morar na José Antônio de Siqueira: casa de um senhor chamado Tacacá, ao lado da vizinha Luzia esposa do Seu Pranhada, em cuja residência existia bem na frente logo na entrada do quintal, um pé de uma planta que chamavam “lágrimas de Nossa Senhora” ( naquele tempo apesar das belezas existentes a Santa já chorava)

Não, tu nunca fostes culpada de fazer a Santa chorar. É que já existiam maldades espalhadas/escondidas pela cidade.

Mesmo não tendo nascido em teu seio, nunca fui discriminado por ti... Sempre olhavas- me com carinho, sorrindo e mostrando o caminho por onde eu deveria seguir... Diferente de hoje, quando uns filhos teus, acham que somente eles possuem o direito de em teu seio descansar... claro, eu entendo o ciume de teus filhos natos. Mas, escuta uma coisa: puxa a orelha deles

Pois bem, depois mudei para a esquina da Raimundo Álvares com a Eliezer Levi. Próximo à “Mata do Rocha”. Bem ao lado da residencia do seu Peres e da Dona Generosa. Eles passavam na frente de casa de manhã em direção à roça... Eu achava esquisito aquele ritual. Mas afinal, a roça era deles, era dali que tiravam o sustento. Mas eu não entendia nada.

Na Raimundo Álvares, morava o poeta Sílvio que já caminhava em direção à Escola Normal. Mesmo eu não sabendo quem ele era, tinha a certeza de algo estranho atrás das lentes dos seus óculos. Era a poesia que de seus olhos escorria..


Sem duvida! Naquele momento tu também Macapá, já transpirava e jorrava poesia por todos os poros e em todas as direções... tudo era bonito, tudo era gostoso, até mesmo dormir de portas e janelas abertas. Ladrão era uma palavra feia, se pronunciada, teria que se bater na boca três vezes, era uma forma de pedir perdão.

E depois, em definitivo, me concedeste um pedaço de terra no Jacareacanga, onde fiz minha morada, mas sempre te amando. Amor filial! Quero te agradecer por tudo que me concedeste sem pedir nada em troca.

Mas escuta, neste momento de festa dos teus 251 anos de existência, quero mais uma vez agradecer por tudo que me concedestes, por tudo que me ofertastes. E pedir perdão pelas coisas feias que algumas vezes falei a teu respeito.

Obrigado por tudo. Eu te amo Macapá!

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