Por Osvaldo
Simões
Moleque desses serelepes, iguais a ele não são mais
vistos nestas paragens daqui. Mas ele era um desses, daqueles que não tinha
maldades em seu coração, tanto que hoje sentimos falta, falta da sua molecagem/brincadeiras.
Seu sonho na verdade, era ser jogador de futebol e,
no campo ou campos do Jesus de Nazaré, campo dos padres (onde hoje já foi até a
policia federal –).
Pois bem, ali era o palco de seus sonhos de adolescente...
Era por ali que, manejava com os pês as bolas que os professores de educação
física a época ofereciam aos seus alunos.
Não era alto, não, devia ter uns um metro e
sessenta e oito, isso, na altura, mas na garganta era maior, pensem em uma
pessoa que intimidava os zagueiros, primeiro que ele debochava, fazia gozação mesmo,
com todo seu jeito de moleque e, ia com a bola em direção ao adversário e se
dessem confiança lá ia ele com a bola na direção do gol. Mas uma gargalhada
para o goleiro e, Gol!
Moleque de nome João, mas entre nós, entre mim e
ele nos chamávamos de padeiro. É que uma vez, ao passar pelo campo com pães em
uma sacola, os quais eram destinados aos meus pais, o tal moleque João me
avistou e dai passou a me chamar de padeiro eu para não ficar para trás também lhe
tacava o apelido de padeiro.
E padeiro sempre foi nosso cumprimento. Desde os
bancos nas salas de aula, escadarias, biblioteca e lanchonete do Colégio
Comercial do Amapá – CCA, em qualquer desses espaços nos cumprimentávamos
assim.
Algum tempo atrás nos encontramos lá no bar do
Pedro, ele já sem o corpo de atleta/jogador de futebol, uma barriga acentuada despontava
por debaixo de sua camisa, não sei se tinha engolido a bola. Mas bem, depois de
alguns olhares entre nós, ele reconhece-me e tascamos em voz alta “Fale Padeiro!”.
Nos abraços, relembramos nossas molecagens no colégio CCA.
Hoje ao acordar de manhã, tive a primeira
informação triste, uma noticia que li dizia: "Policial assassinado” Li a
matéria - o policial João Lopes... Não
por ser um policial, mas por ser uma pessoa que a todos fazia o bem. Olhei a
foto, reconheci, é o Juca, o meu amigo Padeiro. Um aperto em meu peito tomou
conta do dia... No peito do meu amigo Juca/ padeiro uma facada covarde... Em
nossos peitos saudades do amigo. Descanse em paz meu amigo Padeiro.
Em tempo: João Lopes “Juca” foi assassinado às 2
horas da madrugada do dia 20/05
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