sábado, 20 de maio de 2017

Adeus padeiro



                                   Por Osvaldo Simões

Moleque desses serelepes, iguais a ele não são mais vistos nestas paragens daqui. Mas ele era um desses, daqueles que não tinha maldades em seu coração, tanto que hoje sentimos falta, falta da sua molecagem/brincadeiras.

Seu sonho na verdade, era ser jogador de futebol e, no campo ou campos do Jesus de Nazaré, campo dos padres (onde hoje já foi até a policia federal –).
Pois bem, ali era o palco de seus sonhos de adolescente... Era por ali que, manejava com os pês as bolas que os professores de educação física a época ofereciam aos seus alunos.

Não era alto, não, devia ter uns um metro e sessenta e oito, isso, na altura, mas na garganta era maior, pensem em uma pessoa que intimidava os zagueiros, primeiro que ele debochava, fazia gozação mesmo, com todo seu jeito de moleque e, ia com a bola em direção ao adversário e se dessem confiança lá ia ele com a bola na direção do gol. Mas uma gargalhada para o goleiro e, Gol!

Moleque de nome João, mas entre nós, entre mim e ele nos chamávamos de padeiro. É que uma vez, ao passar pelo campo com pães em uma sacola, os quais eram destinados aos meus pais, o tal moleque João me avistou e dai passou a me chamar de padeiro eu para não ficar para trás também lhe tacava o apelido de padeiro.

E padeiro sempre foi nosso cumprimento. Desde os bancos nas salas de aula, escadarias, biblioteca e lanchonete do Colégio Comercial do Amapá – CCA, em qualquer desses espaços nos cumprimentávamos assim.

Algum tempo atrás nos encontramos lá no bar do Pedro, ele já sem o corpo de atleta/jogador de futebol, uma barriga acentuada despontava por debaixo de sua camisa, não sei se tinha engolido a bola. Mas bem, depois de alguns olhares entre nós, ele reconhece-me e tascamos em voz alta “Fale Padeiro!”. Nos abraços, relembramos nossas molecagens no colégio CCA.

Hoje ao acordar de manhã, tive a primeira informação triste, uma noticia que li dizia: "Policial assassinado” Li a matéria - o policial João Lopes...  Não por ser um policial, mas por ser uma pessoa que a todos fazia o bem. Olhei a foto, reconheci, é o Juca, o meu amigo Padeiro. Um aperto em meu peito tomou conta do dia... No peito do meu amigo Juca/ padeiro uma facada covarde... Em nossos peitos saudades do amigo. Descanse em paz meu amigo Padeiro.

Em tempo: João Lopes “Juca” foi assassinado às 2 horas da madrugada do dia 20/05

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