sábado, 4 de fevereiro de 2012

À quem me acolheu


Quando aqui cheguei, claro, já estavas. E foram justamente em caminhadas noturnas e visitas as casas de madeiras existentes naquela viela perto da praça, que te encontrei, quer dizer, que me apaixonei... Tu estavas lá dentro do quarto, eu me apossei de uma rede atada nas escapulas da parede da sala, ela tinha um cheiro amanhecido de mulher, nela me deitei, descansei meu pequeno e fraco corpo. Olhei os punhos os quais estavam ainda enrolados, quer dizer, entaniçados. Levantei-me e comecei através de meus dedos colocarem em ordem... Uma voz me surpreendeu, causando espanto, dizendo que era proprietária da rede... Foi uma voz melodiosa: era o som do sino da matriz.

Cresci com esse cheiro/som empregue nado de amor em meu coração, mesmo que durante nossa caminhada, tenhas me mandado embora várias vezes, só por causa de meu ciúme. Eu achava que era zelo, que era proteção. Alertavas-me dizendo que era poses são. Eu não ligava...

Achava que todos bagunçariam, mas dizia que nunca em momento algum estivestes amarrada e, que tudo fora permitido através de licitações. Tanto que cada vez mais estavas ficando bonita e com experiências adquiridas no corpo. Isso me era mostrado através dos reflexos das poças d’água nas esquinas...

Assim fui crescendo. Também fui trocando de moradia. Engraçado sempre entre dois bairros: Laguinho e Jacareacanga (Jesus de Nazaré).

Os planejadores. Eles chegavam de outras paragens e iam mudando tua cara. Falavas que era maquiagem. Tuas antigas mangueiras foram cortadas, pedistes que não me aborrecesse era uma pequena lipo. Tuas antigas casas foram demolidas, novos prédios, altos prédios foram erguidos, falastes que era um simples penteado, o qual agora estava na moda lá fora. Em tudo eu acreditei!

Claro! Continuo acreditando, pois quem sou eu, para não aceitar a vaidade de uma mulher centenária. Quem sou eu para impedir, ou melhor, tentar impedir essa vaidade, esse desejo de cidade grande. Tudo isso aceito por amor.

Podes mudar até de nome, vou continuar te amando, te desejando, pois não deixarei de sentir o cheiro da tua rede... Podem me chamar de abestado que não ligarei, sei que sempre sobrara para mim também um pouco do teu carinho, do teu amor. E de mim a ti, todo meu amor!

Parabéns Macapá pelos seus 254 anos de existência!